
Quatro pessoas foram internadas em estado grave, em Patrocínio, no Alto Paranaíba (MG), após ingerirem a Nicotiana glauca, uma planta tóxica conhecida como "falsa couve". O caso foi registrado na quarta-feira (8), e a intoxicação ocorreu durante um almoço em família em uma chácara na zona rural.
Uma mulher de 37 anos, em estado mais grave, sofreu parada cardiorrespiratória durante o atendimento médico. Uma criança de 2 anos também foi internada. Ela não ingeriu a planta, mas permanecerá em observação.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a família se mudou recentemente para a chácara e acreditava que a planta era um pé de couve devido à semelhança com o vegetal. Os moradores da casa prepararam a planta refogada e serviram no almoço.
As quatro pessoas passaram mal assim que comeram a planta. Segundos os bombeiros, eles sentiram mal-estar, dormência na perna, falta de força muscular, dificuldade de respirar e visão prejudicada.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também foi acionado para apoio no atendimento. Após a chegada da equipe, um homem de 60 anos e dois de 67, também entraram em parada cardiorrespiratória.
Um deles foi encaminhado para o Pronto Socorro e os outros dois para a Santa Casa. Eles também tiveram o quadro de parada revertido, mas estão internados em estado grave.
A Polícia Civil investiga o caso como envenenamento acidental.
O que é a 'falsa couve'
Segundo a professora doutora Amanda Danuello, especialista em química de produtos naturais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a ingestão da planta Nicotiana glauca pode causar intoxicação grave e até levar à morte.
A Nicotiana glauca, também chamada de charuteira, tabaco-arbóreo ou popularmente como 'fumo bravo'' é uma planta extremamente tóxica, comum em áreas rurais e à beira de estradas em todo o Brasil. De acordo com a professora da UFU, a planta contém uma substância chamada anabazina, um alcaloide que pode causar paralisia muscular, respiratória e até levar à morte.
A especialista alerta que o modo de preparo também influencia na gravidade da intoxicação.
"Ela é bastante comum em áreas rurais, em todo o Brasil, na beira de estradas. Então, infelizmente, ela é bem comum e facilmente confundida com a couve. Dependendo da forma que ela consome, seja crua, se cozida, isso vai alterar a quantidade dessa substância tóxica que a pessoa vai consumir, podendo levar a efeitos ainda mais graves", explicou.
Em casos de ingestão da 'falsa couve', não existe nenhum tipo de antídoto que possa ser administrado em casa. A indicação é procurar imediatamente atendimento médico, pois quanto mais rápido for o socorro, maiores são as chances de evitar complicações graves da intoxicação.
Embora a Nicotiana glauca possa ser confundida com a couve comum, existem características visuais que ajudam na identificação.
"Essa planta tóxica tem folhas um pouco mais finas, ela tem uma textura aveludada e a coloração dela também é um verde um pouco acinzentado. Enquanto a couve que a gente consome tem a folha mais grossa e nervuras bem marcadas, ela tem um verde mais vivo, digamos assim. Mas ainda assim, se você não tem uma do lado da outra, fica bastante difícil a diferenciação, então a dica é não consumir nada que você não tenha certeza da procedência", finalizou a especialista.
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